Durante as comemorações do Dia da Língua Gestual Portuguesa, co-organizadas pela Associação de Tradutores e Intérpretes de Língua Gestual Portuguesa, no Clube Literário do Porto.
“Imaginas o que digo com minhas mãos?
Deixa o teu olhar percorrer teu próprio corpo,
pousar sobre as tuas mãos e vê.
Nelas está o poder de dar muito onde há pouco,
de virar a página de quem lê.
São as mãos que acariciam o ser amado
dedilham uma balada, um blue, um fado.
Quando frias estendem-se para uma fogueira,
quentes abraçam dando calor a noite inteira.
Nas mãos repousa um sono de bébé
ou a retorcida amálgama de um carro amachucado.
A branca bengala que estende a distância do pé
ou o afagar que sabe a doce mesmo sendo descuidado.
Mãos podem ser hábeis como as que seguram bisturis,
frenéticas famintas que partem pão em bocados,
podem brincar fazendo as cócegas de que te ris,
ou ainda hirtas como a saudação de um soldado.
Dizem-se grossas, curtas, duras ou calejadas,
podem ser compridas, finas, esguias ou arranjadas,
até moles, secas, húmidas ou desajeitadas,
mas que importa como as mãos são quando vemos as mãos dadas.
As mãos que trabalham terras, que tudo mudam num segundo,
têm a força de parar guerras, querendo, mudam o mundo.
Das mãos sai o choro de um parto, sai o desenho de uma alma,
sai o riso ou o pranto e até o descanso e a calma.
Das mãos crio ilusões, histórias, confissões.
Coisas belas, coisas cruas, telas de mulheres nuas.
Satisfaz-me ter este dom, de todas as minhas pretensões.
Poder ter nas mãos o som, de todas as palavras tuas. “
- Artur Albuquerque/2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário