Aqui ficam as propostas de Carlos Luís Ramalhão para o mês de Setembro:
“Os Maias” - Eça de Queirós, Porto Editora, 2007
Ainda me choca ouvir dizer, a actuais e antigos estudantes, que este livro é um “terror” ou uma “seca”. Depois lembro-me de que são obrigados a lê-lo, quando a leitura, idealmente falando, deveria ser espontânea. Negligenciada de forma descarada por muitos, esta é a obra-prima do maior romancista português. Inesquecível. Simples, mas nunca básico. Clássico, mas agora e sempre actual.
“Trainspotting“ - Irvine Welsh, Relógio D’Água, 1996
Primeiro, vi o filme (umas quinze vezes), muito por culpa de uma banda sonora irresistível. Quando peguei no livro, esperava encontrar o conteúdo do filme. Mas o autor – nu, violento, às vezes repugnante – tinha muito mais a contar do que uma fita de cinema conseguia armazenar. É um retrato desconcertante de duas décadas: a de 80, na acção do livro; a de 90, altura em que a obra foi lançada para deixar marcas.
“Meia-noite ou o Princípio do Mundo“ - Richard Zimler, Gótica, 2003
Há pessoas que admiramos e que nos desiludem quando nos cruzamos com elas. Mas Zimler, professor de uma cadeira que nunca foi das minhas favoritas, é tão cativante como as entrevistas que dá. E como os seus livros. Este é o mais fascinante deles todos. Pela envolvência. Pela forma como vivemos o livro quase sem dar por isso. Pela extraordinária personagem que lhe dá nome.
“Quarto com vista“ - E.M.Forster, Colecção Mil Folhas do Jornal Público
Forster só me foi apresentado graças à excelente colecção Mil Folhas, do Público (passo a publicidade). Mas rapidamente se tornou referência, seja com Maurice, com Passagem para a Índia, ou com este, que continua a ser o meu favorito. Mordaz na ironia, poético nas descrições, astuto nas relações humanas.
“Carícias Distantes” - Deborah Curtis, Assírio & Alvim, 1996
Talvez este livro não esteja tanto aqui por mérito próprio, muito mais por ser uma biografia – discutida – de um mito da música e da poesia do século XX. Deborah, a viúva precoce do complexo Ian Curtis – ilustre conterrâneo meu, by the way – leva-nos a percorrer a intimidade distante – como as carícias – desse epiléptico escritor de canções como “Love will tear us apart” ou “Shadowplay”. Marcante.
Carlos Luís Ramalhão nasceu em 1980, em Manchester, Reino Unido, e vive na Maia. Licenciou-se em Jornalismo e Ciências da Comunicação pela Universidade do Porto. Tem trabalhado em projectos ligados a essa área, entre os quais um documentário feito nos EUA para a RTP. Paralelamente, tem desenvolvido projectos em vídeo, música, fotografia e, claro, literatura.
Publicou, em 2007, juntamente com outros autores, o livro “Taxicidade” – histórias de um táxi no Porto – pela Pé de Página. - saber mais aqui sobre Carlos Luís Ramalhão.
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